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sábado, 4 de julho de 2020

O Sujeito Público Pandêmico: Um Universo Imaginário Entre a Política e Inaugurações - Por Luis Cláudio

Por Luis Cláudio Motta Mascarenhas Graduado em Letras
Do universo Imaginário do Dias Gomes, nascia há mais de 40 anos Odorico Paraguaçu, prefeito da amada e remota cidade de Sucupira, em o Bem Amado, longínquo interior baiano que faz nos lembrar os prefeitos dos mais distantes municípios do interior do nosso país. Assim, Dias Gomes com sua narrativa, plasmou num personagem todos os trejeitos da velha política dos grotões como que faz uma colcha de retalhos, caracterizando os mais diversos prefeitos deste imenso Brasil. 

E antes que alguns comecem com seus falatórios: "qualquer aproximação com a realidade, trata-se de mera coincidência." Odorico o nosso personagem, tinha como uma meta da sua gestão, inaugurar um novo cemitério na cidade, porém o único obstáculo era a falta de defuntos, então para ludibriar o seu povo, adotou um vocábulo cafona grandiloquente e vazia dos seus pronunciamentos ("Isto deve ser obra da esquerda comunista, marronzista e badernenta."). Assim, como dizemos aqui em casa, a marca de cada político, é adotar um discurso que lhe convém para tolo acreditar. 

E antes que apontem esse artigo como tendencioso e que só faz críticas e não sinaliza os personagens bons, vale lembrar que no baluarte da nossa teledramaturgia, só as mulheres (viva o feminismo), tiveram um papel essencial para combater o coronelismo que mesmo velado, se fazia e se faz presente não só no âmbito ficcional como também, nos dias de hoje, levando-me acreditar, que só elas serão capazes de revolucionar e de mudar, esse mundo mudado. 

Retornando ao mundo ficcional do Dias Gomes, que nos presenteia com a sua Sucupira, nos leva a questionar o comportamento dos gestores da nossa Sucupira real e o comportamentos dos seus gestores frente a epidemia que assola o planeta, com shows de horrores, omitindo dados, ações de combate ao vírus e não prestação de contas à população do dinheiro destinado a pandemia, bem como a sua aplicabilidade. Fora isso, o que mais se vê, são prefeitos fazendo uma tal entrega "simbólica" e por mais que o número da comitiva seja menor, há risco de propagação do vírus, visto que, as pessoas que lá mesmo se enquadrando eixo assintomático, a forma de contágio assim se faz. 

Esses Odoricos, desconhecem as mais diversas formas de contagio (como sugestão, assistam ao filme Contágio do Steven Soderbergh), não se preocupam seus apoiadores, uns estão no grupo de risco, mas se acham o suprassumo da ciência (mesmo a negando), e que a todo instante, presta um desserviço a população ao promover aglomerações. Dessa forma, surgem capachos à beira da sandice, que se apropria de uma fala raivosa e aponta(m) fulano ou beltrano, como um propagador, o que me fez lembrar de mais uma fala do nosso personagem (o Odorico):"Vamos dar uma salva de palmas a esta figura trepidante e dinamitosa que foi o Seu Nonô." Essas dinamites mais parecem traque ou até mesmo carroças vazias (https://www.pensador.com/frase/NjI0MDk/).

Assim, não podemos esquecer que na nossa novela, nós somos os atores principais, podemos mudar toda a histórica e interromper as investidas dos Odoricos, que utilizam-se de recurso retórico para entreter e enganar. Além disso, ao ligar a TV, agências de notícias nos trazem análises de um enorme roteiro da dramaturgia, onde os protagonistas principais, não materializa suas convicções e cada vez mais depositam no antagonista um pseudo confiança que o faz acreditar e vê-lo como a tábua da "salvação". 

E assim, com um abracadabra aparecem o Birolilo, o senhor laranja, o supremacista branco e o tiozinho da padaria, surgem como representantes e nesse bojo, surgem os larápios e os mestres das Orcrim's. Mesmo com estandartes e portais (lembrei-me do portal de Morro de São Paulo. Acorda, moleque!), temos o dever moral de fiscalizar o que é nosso, que prefeitos, vereadores, deputados, senadores e presidente, são NOSSOS EMPREGADOS e que a substituição de placas e seus nomes, de nada nos impedirá de fiscalizar. 

E assim, precisamos combater atitudes de qualquer Odorico e jamais permitir que o uso de frases descontextualizadas sejam usadas para escrever a nossa história, afinal quem a faz somos nós, afinal sejamos a mudança que desejamos, afinal com essa pandemia, teremos que aprender a ter empatia e a respeitar o outro. Enquanto aos Odoricos, que deixemos no ostracismo.

Por Luis Cláudio Motta Mascarenhas
Graduado em Letras
Pós-graduado em Estudos Linguísticos, Medotologia do Ensino de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Pós-graduado Marketing Digital

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