Robenildo Brito - Professor, nutricionista
e gestor da Saúde e hospitalar
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A educação é um bem indispensável a vida das pessoas, é construída ao longo da história, perpassando séculos na história da humanidade, é por meio dela que a humanidade evoluiu e evolui o tempo todo. Percebe-se, e é notório a evolução da educação desde a antiguidade aos dias atuais, quer seja na proposta pedagógica que foi aprimorada ou modificada durante este período, quer por necessidade diversas do mundo contemporâneo, ou do atual mundo ON.
Dessa forma, é notório que no momento presente de isolamento social e fechamento das escolas, segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), milhões de estudantes estão sem aulas com o fechamento total ou parcial de escolas e universidades em mais de 150 países devido à pandemia e no Brasil, as aulas presenciais estão suspensas em todo o território nacional (UNESCO, 2020). O modelo de educação que se tem, não está dando conta de direcionar professores e escolas para um caminho ou caminhos. O que se percebe é uma falta de organização institucional, falta de direcionamento pedagógico, uma confusão metodológica e. sobretudo ausência de uma didática, pertinente para este momento, que sem dúvidas, é atípico e impensável, daí a incerteza de como agir. Tudo isso, acaba que trazendo uma insegurança para escola, mas sobretudo para a família e consequentemente para as crianças, são chuvas de ideias que surgem, muitas delas , sem dúvidas louváveis, muitas mão tão próprias para este momento e para a realidade dos inúmeros sujeitos.
O uso das plataformas digitais é de suma importância para o fazer educação neste momento, sobretudo porque não há como as escolas estarem abertas, mas também devido a necessidade de fazer algo, não perder o vínculo com os alunos e tão pouco deixar de oferecer algum recurso que possa assegurar o ensino e garanta o mínimo de aprendizagem. Acredita-se que estes recursos digitais não são algo tão distante da realidade da maioria dos alunos inseridos neste mundo ON. E ai é importante dizer que a gestão do calendário e a forma de organização, realização ou reposição de atividades acadêmicas e escolares é de responsabilidade dos sistemas e redes ou instituições de ensino (BRASIL 2020).
É perceptível a angústia dos professores e das escolas neste momento, em que é preciso se reinventar, repensar a sua prática e construir metodologias com os recursos diversos que estão disponíveis, embora muitos professores ainda não saibam ou tenham dificuldades para utilizar estes recursos, e sem falar que estes nem sempre estão acessíveis a todos os alunos. A falta de aparelhos como SMARTFHONEs ou computadores, ente outros, dificultam a prática educativa neste momento. Um outro fator determinante é a falta de acesso á internet que na sua ausência é impossível usar as plataformas digitais. De outro lado, a continuidade das atividades educacionais, por meio de trilhas de aprendizagem remotas que valorizam as metodologias de Ensino a Distância (EAD) via celular e computador, televisão e rádio, corrobora positivamente para a manutenção do comprometimento educacional a curto prazo. (SANZA et al., 2020).
Todo esse processo de reconstrução da prática educativa neste momento, de aulas remotas, ou on-lines, tem desencadeado uma sensação de frustração, angústia,, ansiedade, impotência de gerenciamento da sala de aula, duplicidade de carga horária, associada a exigência de cumprimento do ano letivo e a reclamação constante da família, que encontram-se assumindo o papel de professores, sem saber direcionar as atividades dos alunos, fator este que, é preciso e necessário que a família neste momento, repense a sua conduta enquanto responsáveis no processo escolar dos seus filhos, sem querer aqui transferir o papel da escola, mas de chamar a família a responsabilidade que sempre foi dela neste processo de ensino aprendizagem e nesta relação família escola.
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Depois de uma pesquisa com professores, alunos e famílias e avaliando a realidade de muitos municípios da região, percebe-se que todos estes pontos mencionados, fazem parte da rotina diária, tanto nas escolas públicas como na privada, e tratando-se das públicas estão muito distante das escolas privadas, no sentido do direcionamento pedagógico. Temos a educação do Estado parada, sem ação, o Ministério da Educação sem norte e muitas prefeituras ainda não estão fazendo nada para garantir a continuidade das aulas. Tudo é muito novo e todos ainda estão adaptando-se a este novo modelo de fazer educação e de trabalho Home Office ao qual os professores estão submetidos. Nesse sentido, a LDB dispõe em seu artigo 23, § 2º, que “o calendário escolar deverá adequar-se às peculiaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a critério dos sistema de ensino, sem com isso reduzir o número de horas letivas previsto nesta Lei” (BRASII, 1996).
O inacreditável de tudo isso é que sempre fica a cargo do professor, do coordenador pedagógico e diretor a difícil missão de encontrar a solução para todos os desafios que surgem ao longo do caminho, muitas vezes sem o aparato do Município, Estado e União. As prefeituras e o Governo do Estado, deveriam estar mais preocupados e empenhados com o momento, no sentido de contribuir para amenizar este abismo do acesso aos recurso tecnológicos e de acesso á internet tanto por parte dos professores, quanto dos alunos, a começar assegurando internet gratuita aberta e de qualidade para todos, quer seja em casa, ou por área de cobertura. Vale ressaltar que o Conselho Nacional de Educação (CNE) diz que, no processo de reorganização dos calendários escolares, deve ser assegurado, que a reposição de aulas e a realização de atividades escolares possam ser efetivadas de forma que se preserve o padrão de qualidade previsto no inciso IX do artigo 3º da LDB e no inciso VII do artigo 206 da Constituição Federal. (BRASI, 2020).
Nesta busca incansável de recursos pedagógicos, bem como meios para a disponibilização das atividades escolares, muitos professores, estão gravando inúmeros áudios diariamente e postando em grupos de Whatssapp, como também, fotos de atividades para serem copiadas em casa, vídeoaulas, nem sempre profissionais pela falta de traquejo com as tecnologias ou dos recursos essenciais, atividades impressas retiradas na escola, uso do livro do aluno. Plataformas como AVAS, vídeos conferências, lives entre tantos outros meios.
Diante do exposto é preciso rever a pratica pedagógica das escolas para este momento, mas sobretudo posteriormente, a começar repensando a organização escolar atual,, repensar a escola e a educação, como um bem público de todos e para todos, aproveitando esta reformulação curricular que ai está posta e repensar o currículo que se tem, não para substitui por uma educação remota ou EAD, isso nunca, mas para, uma nova escola, pautada na construção do conhecimento de forma autônoma e compartilhada e em rede, sem dispensar as plataformas digitais na educação a partir deste momento, como recursos de educação e aprendizagem complementar. Ainda é necessário atentar-se para reconhecer com humildade as fragilidades dos professores e profissionais, mas garantir a partir de tudo isso a valorização profissional destes.
É preciso neste momento de dificuldades, sair do comodismo, de que o aluno não dispõe de determinados recursos, ou que não há possibilidade de aprendizagem, é preciso utilizar todos os recursos possíveis que estão á sua volta e juntos de mãos dadas construir um novo caminho pedagógico, partilhando todas as vivencias e. analisando os efeitos críticos da pandemia da COVID-19. Sobre a educação merecem destaque aos impactos negativos manifestado pelo comprometimento do processo de ensino-aprendizagem e pelo possível aumento da evasão escolar, os quais demandaram ações estratégicas de curto prazo e um planejamento para resolução de problemas, para a normalização dos ciclos escolares a médio prazo (SANZA et al., 2020). Isso porque não há possiblidade de abandonar os alunos neste momento sem perder a credibilidade que é peculiar da escola e dos professores. Garantindo assim a confiança deles.
Nesta perspectiva é necessário evitar sobrecarga de trabalhos, atividades e cobranças excessivas, mas não perder de vista os objetivos a serem conquistados. Sem dúvidas é preciso pensar neste momento, nas competências e habilidades que precisarão ser alcançadas e desenvolvidas pelos alunos ao longo do ano.
Ao poder público (com raras exceções) parece que, neste momento, foi reservado apenas o papel de informar a população, a comunidade escolar, que as aulas continuam, que o ano letivo está “garantido” e que “e o “ensino-aprendizagem” acontecendo e nunca de apoiar, investir, qualificar, equipar, contribuir e dar as mãos, para que ao retornar, todos possam ter ganhado, no mínimo a compreensão de que, é preciso repensar o modelo de educação, que sem dúvidas nunca mais será, nem poderá ser a mesma depois dessa pandemia
Robenildo Brito
Pedagogo –UNEB
Licenciado em Biologia
Especialista em Educação Especial e Inclusiva-FAMART
Especialista em Gestão Escolar e Coordenação -FAEC
REFERÊNCIAS:
BRASIL, Parecer CNE-CP Nº 5, DE 28 DE ABRIL DE 2020. Conselho Nacional de Educação Ministério da Educação. Dispõe sobre a Reorganização do Calendário Escolar e da possibilidade de cômputo de atividades não presenciais para fins de cumprimento da carga horária mínima anual, em razão da Pandemia da COVID-19. D.O.U. de 1º/6/2020. Disponível em:. Acesso em: 05 jun. 2020.
BRASIL. Portaria Nº 343, de 17 de março de 2020. Dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do Novo Coronavírus - COVID-19. D.O.U 18/03/2020. Disponível em:. Acesso em: 10 jun. 2020.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 9394/1996.
SANTOS JUNIOR, Veríssimo Barros; MONTEIRO, Jean Carlos da Silva. Educação e covid-19: as tecnologias digitais mediando a aprendizagem em tempos de pandemia. Revista Encantar - Educação, Cultura e Sociedade - Bom Jesus da Lapa, v. 2, p. 01-15, jan./dez. 2020.
SANZ, I.; SÁINZA, J. G.; CAPILLA, A. Efectos de la crisis del coronavirus em la Educación. Madrid: OEI, 2020.
SENHORAS, Elói Martins. Coronavírus e Educação: Análise dos Impactos Assimétricos .Boletim de Conjuntura Boca. Ano II. Volume 2. Nº 5. Boa Vista. 2020
UNESCO. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. 2020. Disponível em: Acesso em: 15 jun. 2020.
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