O levantamento aponta também que 88% dos entrevistados disseram perceber que a fome no país aumentou. A situação é mais sentida por mulheres, negros e pessoas menos escolarizadas. Faltou comida para 40% dos que têm apenas o ensino fundamental completo. A fome foi mais sentida também entre moradores da região Nordeste.
Outro fator relacionado à fome foi quantidade de adultos trabalhando: onde só um adulto trabalha, 29% teve menos comida que o suficiente. A pesquisa Datafolha mostra que quem recebeu auxílio emergencial do governo em 2021 é quem mais sentiu o peso da fome: 41% desse grupo diz que faltou comida. O auxílio neste ano veio menor do que no ano passado. Em 2020, o governo pagou a quem não tinha renda na pandemia R$ 600 por mês, inicialmente e R$ 300 nos últimos meses. Em 2021, o pagamento baixou para valores entre R$ 150 e R$ 375.
O economista Francisco Menezes, ex-presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, afirma que a diminuição do auxílio é fator importante para explicar a fome medida pelo Datafolha: "É preciso destacar que quem recebe R$ 150 de auxílio tem efetivamente R$ 5 por dia para comer", diz ele.
Menezes cita pesquisa da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Penssan), que mostrou que, durante a pandemia, 9% da população, o equivalente a 19 milhões de brasileiros, sofre insegurança alimentar grave, ou seja, está passando fome. O economista afirma que um programa importante de segurança alimentar é o da alimentação nas escolas. Com os colégios fechados, no entanto, as crianças passam a fazer todas as refeições em casa, o que agrava a situação.
Por fim, Menezes aponta ainda a alta no preço dos alimentos, que subiram 15%, três vezes o valor da inflação no ano passado.
Para o levantamento, o Datafolha realizou 2.071 entrevistas presenciais, nos dias 11 e 12 de maio, em 146 municípios, com brasileiros de 16 anos ou mais de todas as classes sociais e regiões do país. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.
Com Informações do Bahia Notícias
Texto original de Thiago Amâncio | Folhapress
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