Itan Cruz - Doutorando pela UFBA |
O alemão Johannes Gensfleisch zur Laden zum Gutenberg, ou simplesmente Gutenberg, é largamente conhecido como o “pai da imprensa”, por ter sido ele o inventor de um mecanismo de prensa capaz de produzir e reproduzir obras em papel por volta de 1450. Desde então, livros, folhetos, documentos e toda a sorte de publicações atravessaram o tempo oferecendo informações, distorcidas e fidedignas. Os periódicos, de uma forma geral e os jornais, de maneira específica, cumprem um papel fundamental na elaboração de narrativas sobre as novidades do momento, trazendo elementos significativos sobre uma determinada sociedade e sua cultura.
Quem lesse a primeira página do jornal A Idade D’Ouro do Brazil, um dos primeiros a serem impressos na Bahia, do dia 14 de maio de 1814, se depararia com notícias sobre a realeza britânica e variados acontecimentos que movimentavam a vida social do outro lado do Atlântico, na Europa. Aqui no Brasil, apesar das altas taxas de analfabetismo de então, todos acabavam sabendo das notícias por meio de leituras altas feitas no meio da rua, nas tavernas, nas câmaras e casarões onde se realizavam reuniões musicais. Com o passar do tempo, com a elevação das taxas de alfabetização, as transformações tecnológicas e o advento da internet, o papel cedeu parte do seu lugar à tela, seja do celular, do tablete ou do computador, modificando a relação das pessoas com as informações publicadas.
A partir deste lastro de informações constantemente transformadas, quer pelo suporte nos quais transitam (papel ou tela), quer pela composição das publicações (com fotos, ilustrações, áudios e vídeos), os jornais sacudiram e sacodem sociedades inteiras. Notícias de revoluções, como a francesa, que acabou com a monarquia no país e declarou a República em 1789, ou a haitiana, na qual escravos mataram seus senhores e declararam independência da França em 1804. Os jornais também apascentaram os ânimos em momentos decisivos, como algumas das notícias sobre a independência do Brasil que apelava para a unidade dos vários brasileiros de norte ao sul do país em 1822, ou noticiando o fim de guerras que dizimaram incontáveis vidas ao longo da História, à exemplo da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Em tempos de aceleração de acontecimentos e informações, acessar notícias passou a integrar os rituais do dia-a-dia contemporâneo. Crises políticas e econômicas, desastres naturais e catástrofes humanas. Neste sentido, o papel da imprensa é fundamental, apurando e aproximando o leitor do fato.
Destas transformações pelas quais passou a imprensa, o Jornal a nossa voz já foi papel e, nos últimos anos, ampliou sua capacidade de alcance por meio da internet, dedicando-se às questões que envolvem o município de Barrocas. Barroquenses de todas as partes do país, ou mesmo, do mundo, utilizam o Nossa Voz como fonte de informação sobre sua terra natal, seus entes queridos e outros aspectos que possam, de alguma forma, atualizá-los e matar um pouco das saudades. O jornal cumpre um papel fundamental no exercício da cidadania e das relações interpessoais sobre uma cidadezinha onde muitos se conhecem e onde as notícias estreitam ainda mais seus laços.
Quem recorrer às publicações do Jornal a nossa voz, vai poder compreender melhor como se organiza, como se transforma, como se movimenta a sociedade barroquense. Seja em seus aspectos, políticos, econômicos, culturais e sociais, cada texto corrobora para uma interpretação sobre quem somos e como somos.
Estes veículos de informações, dos quais o Jornal a nossa voz faz parte, são janelas para a compreensão de como funcionam as sociedades, seus hábitos, suas movimentações, suas crenças, enfim, suas maneiras de ser e estar no mundo. São de suma importância para revelar quem somos e como vivemos, informando, nos agitando ou nos apascentando, seja no papel impresso, na tela do celular, do tablete ou do computador.
Por Itan Cruz
Bacharel interdisciplinar em humanidades - UFBA;
Bacharel e licenciado em história pela UFBA;
Mestre pela Universidade Federal Fluminense e Doutorando pela UFBA
Dicas de leituras:
CHARTIER, Roger. Inscrever e apagar: cultura escrita e literatura. São Paulo: Editora da UNESP, 2007.
DARNTON, Robert. Best-sellers proibidos da França pré-revolucionária. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
JAMES, C.L.. Os Jacobinos negros: Toussaint L'Ouvcrture e a revolução de São. Domingos. São Paulo: Boitempo, 2010.
OLIVEIRA, Laura de. Guerra Fria e Política Editorial: a trajetória da Edições GRD e a campanha anticomunista dos Estados Unidos no Brasil (1956-1968). 1. ed. Maringá: SCIELO-EDUEM, 2016.
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