“É,
a gente quer
viver pleno direito
a gente quer é
ter todo respeito
a gente quer
viver numa nação
a gente quer é
ser um cidadão” (É - Gonzaguinha)
A
palavra debutante vem do francês débutant
e significa, em um primeiro momento, “estreante”. A festa hoje, de
característica feminina, celebra a passagem da etapa mais pueril da vida da
menina para um tempo novo: o da mulher; o da participação em grupos sociais, o
do compartilhamento de questões e responsabilidades mais profundas no âmbito da
sociedade.
Tal
qual o sujeito, a exemplo da menina debutante, uma cidade, neste caso mais
específico e de modo especial, Barrocas, deve estar pronta para mais um ritual
de passagem. As dificuldades, os conflitos, as divergências e as desventuras
não foram poucas. Também não foram insignificantes as vitórias, os títulos, os
avanços, as esperanças e os sonhos de tantos barroquenses que incorporam e dão
forma ao que conhecemos como Barrocas. Os sonhos são demasiados e, que bom que
assim o seja.
Nossa cidade ainda continua expulsiva. Sua
força de trabalho segue a estrada em direção aos grandes centros urbanos onde,
a muito custo da saudade de casa e das intempéries culturais e materiais,
buscam o sustento das suas famílias que ficaram na cidadezinha do interior da
Bahia. Podemos dizer que, em certa medida, Barrocas é núcleo matriarcal. Aqui
ficam-se as mulheres e seus filhos enquanto seus maridos estão longe à serviço
do trabalho.
São
quinze anos de emancipação política, entretanto, as dependências da velha
cidade de Serrinha ainda é um fator presente em nosso cotidiano. Barrocas ainda
é jovem, esperamos que os próximos anos que sigam possam lhe dar robustez,
altivez e mais coragem para ousar em uma maior independência, agora não mais
política, mas no que se refere a infra-estrutura tanto na saúde e emprego,
quanto em assuntos civis e educacionais.
As estruturas do nosso município devem atuar
com mais transparência, permitindo a qualquer cidadão o acesso às informações
que movimentam a engrenagem política. O poder executivo e legislativo
municipais devem possibilitar uma maior participação popular nas decisões que
importam à agenda política local. A valorização dos(as) professores(as) e
possibilitar espaços adequados ao desenvolvimento das crianças e adolescentes
no âmbito escolar devem ser fator central, ao redor do qual todas as
disposições devem se colocar. Como dizia
Paulo Freire, “educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas
transformam o mundo”.
Parabéns,
Barrocas, muitos anos de independência e consciência política!
Por Itan Cruz para o Jornal @ Nossa Voz
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