A Barroquense Zípora Prado realizou um colóquio sobre a sua obra “Como Conviver com Transtorno Bipolar” no dia 30 de julho no CAPS Barrocas. Zípora conta que ama escrever e nas universidades já escrevia; “Escrevi muito na Universidade Estácio de Sá e Universidade Federal do Mato Grosso do Sul” e conta como começou; “Eu escrevo desde os sete anos... Comecei escrevendo meus próprios diários e depois criando histórias sobre Príncipes encantados. Coisas de menina. Depois comecei a ter inspiração para poesias e contos. E foi na faculdade de Letras que meu gosto pela leitura e pela escrita se intensificaram” conta.
Em suas palavras Zípora Prado falou sobre a satisfação que sentiu naquele dia;“O colóquio foi muito bom. A drª Roberta Machado falou sobre uma obra que escrevi sobre Barrocas, mas não publiquei ainda. Pretendo, e já estou com a editora pronta só falta eu dizer sim”. Perguntado sobre a opinião das pessoas a escritora disse; “A apresentação foi muito boa, no final as pessoas se emocionaram e choraram muito”. Feliz ela agradeceu; “Meus agradecimentos vão para todos do Caps de Barrocas que me apoiaram e me acompanharam nesse projeto, em especial a Psicóloga Roberta Machado”. Com exclusividade Zípora Prado enviou uma crônica sua para nossa redação:
A correspondência de Felix
Por causa de uma vida inteira de trabalho, Felix, aos 65 anos construiu um bom patrimônio: um apartamento luxuoso na Zona Sul do Rio de Janeiro e uma casa de campo que ele amava mais que sua própria vida. Uma esposa também idosa, estéril, que nunca pode lhe dar filhos: e por causa disso adotaram um bebê, um menino. Que agora casado, mas que morava com sua esposa em sua residência. Por causa da velhice dos pais, Artur, como era chamado seu filho postiço, não os deixavam sozinhos. Felix sempre deu duro nesta vida, mas não parava em casa nem pra comer. Pensava na casa de campo o tempo todo. E no milharal que não produziu neste ano. Vivia da agricultura de milhos. Distribuía para os supermercados e exportava para Rússia. E assim investia cada vez mais no seu negócio, comprando máquina, caminhões e tratores, sem contar na mão de obra. Eram muitos e caros os investimentos. Mas este ano uma praga, uma lagarta tomou conta do milharal e Felix que já tinha feito empréstimos para pagar com a agricultura do milho. Ficou preocupado. Numa manhã, após seu café matinal foi pegar as correspondências. E lá estava uma cobrança bancária. Não se importou. Rasgou a carta e foi verificar quanto devia. Um mês depois, recebeu outra correspondência bancária lhe cobrando os investimentos da agricultura do milharal. Não deu importância também. Jogou a carta no lixo. Mais um mês e outra carta chegou. Felix não ligou. Quinze dias depois, recebeu outra carta, dessa vez o banco ameaçava tomar-lhe o sitio. Ficou aflito. Depois disso, Felix se recusava a ler suas correspondências. Então Artur via o montante de correspondência sobre a mesa e lhe mostrou a carta bancária. Felix disse que não era nada importante. Desceu até a portaria do prédio e pediu ao síndico que não entregasse mais correspondência em seu apartamento; deixasse que alguém ia pegar. O Síndico assim o fez. Felix avisou Artur que daquele momento em diante ele fosse pegar as correspondências na mão do sindico. Artur não entedia nada do que estava acontecendo, mas obedeceu a seu pai. O síndico agora entregava as correspondências nas mãos de Artur, e entre elas a insistente cobrança bancária... Enquanto isso ia faltando pão, leite, café, açúcar, carne, remédios... E Felix pensava: Perder meu sitio? Nunca, ele a lagarta não come!
Por Zípora Prado
@ Nossa Voz
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