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terça-feira, 5 de agosto de 2014

A Arte das esteiras eternizada nas mãos de uma Barroquense


Há mais de seis décadas uma família mantém a tradição do artesanato no pequeno município de Barrocas. 

Em meio à tecnologia avançada as conhecidas esteiras de pindoba fabricadas artesanalmente resistem ao tempo através das mãos da Senhora Maria Carmelita de 71 anos. 

Morando atualmente no Bairro do Society, Dona Maria Pinga Fogo, como prefere ser chamada, segue um costume que herdou da sua mãe, e que lhe foi passado por seu pai conhecido como Luiz Gonzaga, e que hoje ela juntamente com duas irmãs seguem com muita dedicação; “Comecei a aprender com 6 (seis) anos de idade, já se foram 65 anos e nunca parei de fazer as esteiras” relata com satisfação Dona Maria. 

Simpática Dona Maria recebeu em sua casa a equipe do JNV, e contou a sua história com as esteiras; “Antigamente saímos para Salgadália montados no jegue atrás da pindoba do Ariri, os donos das roças deixavam eu e minhas irmãs Terezinha e Zefira entrar nas propriedades e pegar as pindobas, voltávamos em cima da carga para Barrocas” conta orgulhosa.

Mas naqueles tempo era também comum percorrer vários quilômetros a pé; “Eu saia com um molho de pindoda na cabeça, quando chegava aqui sentava na antiga praça pra vender e ajudar painho e mainha, com o lucro da venda comprávamos farinha e osso para fazer pirão, tudo era difícil naquele tempo”, lembra Dona Maria.

A barroquense explicou ainda como é o processo para iniciar a confecção das esteiras; “Primeiro retira a pindoba da Ariri, deixa no sol para secar, corta pedaços e começa a fazer as tiras, são um total de cinco tiras que consigo fazer, cada uma em 30 minutos, com as tiras prontas eu corto e coloco uma ao lado da outra, depois colocamos a cabeceira das esteiras e com mais alguns ajustes está pronta, levo cerca de 1 dia para fazer cada, já teve época que consegui produzir duas por dia” explicou.

Sorridente, feliz e orgulhosa, Dona Maria gosta de andar bem arrumada e cheirosa, caprichosa sempre está usando anéis, brinco e colares. 

Pelo visto a tradição das esteiras seguira por muitos anos na região, pois Dana Maria já está ensinando o ofício a sua netinha Josiane Bispo Oliveira de apenas seis anos, e garotinha já ajuda despenando a pindoba seca e arrumando as cabeceiras para sua vó diariamente, coisa rara hoje em dia.

Perguntado como encontra a matéria prima atualmente ela respondeu; “Hoje compro tudo em Coité, em Barrocas já não se encontra mais para vender, isso vem desde meu tempo de juventude quando as roças foram tomadas pelo sisal”.

Para encomendar uma esteira ou adquirir, Dona Maria dá uma dica e diz que o artesanato pode ser usado para separar embrulho de fumo, como tapete, encosto para sentar e deitar e, principalmente colocar debaixo do coxão de dormi. Segundo ela o preço varia entre R$ 8, 6 e até 5 reais a depender do tamanho da esteira e quem gosta e se interessa basta fazer uma visita em sua residência na rua do society.

@ Nossa Voz - Da Redação
Texto original foi publicando na edição de Nº88
 do Jornal @ Nossa Voz Impresso na Pág. 03.
Reportagem de Victor Santos

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