Às vezes ao escutar canções
que fazem a gente pensar, minha visão atravessa o telhado chega às estrelas, de
lá dar para ver o mundo, minha vida, onde moro e as pessoas que me relaciono.Lembro
de minhas imaginações infantis de como eu via o mundo e de como eu queria que
ele fosse. De repente me vejo assustado, sozinho, realmente com medo, pois
despenco de lá, caio em uma realidade severa e que não faz jus a minha
lucidez.
E vou percebendo que tudo
é desconstrução, o que eu antes levantei e firmei como verdade ou forma de
viver, o que o os outros me passaram e eu via como verdade vai mostrando as
suas verdadeiras faces, e tudo isso é aterrorizante, consistem numa mega
traição.
O mundo não é aquele que
eu via nos filmes e desenhos animados, as mensagens passadas na televisão não eram
as que eu realmente enxergava, tipo assim, subliminar. Acordo e me deparo com
responsabilidades, muitas dessas impostas pelo sistema, esse que falha e joga
seus erros em cima de pessoas como eu.
Competição, nunca se viveu
tal palavra como nos dias de hoje, violências, modinhas, revoluções, tudo isso vejo
como se estivesse na janela de um trem e elas na estação, o trem para elas
entram e vem pra perto de mim e querem minha opinião, eu não quero opinar e
daí! Torno-me inimigo, insensível, mau, mesmo me mostrando neutro.
Que sistema é esse? Não
sei, e por isso vou escutar músicas nostálgicas que me levem outra vez para as
estrelas, pelo menos lá eu tenho alegria, e não preciso olhar o telhado e ter
que limpá-lo, fazer currículos, e ser questionado para poder ganhar mais
obrigações em troca de dinheiro, que ainda é insuficiente e não me leva até
Hollywood para ver o que sobrou dos cenários de filmes.
É isso que o ambiente
estrelar propicia, à gente analisar a vida, infelizmente os ponteiros do
relógio já se esconderam e quando o Sol nascer terei que fazer a barba e não a
tarefa de casa, terei que assistir jornal e não desenho e seguindo entre outras
substituições as lembranças vão ficando no escanteio, nos meus devaneios.
Antonio
Zacarias Batista de Oliveira
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