Um Pai de Família Condenado

Devido e repercussão em torno da matéria Um Pai de Família Condenado, escrita por Rubenilson Nogueira, e publicada no jornal impresso edição 63, estamos republicando a mesma neste blog, assim os nossos irmãos barroquenses que estão nos grandes centros e demais leitores, poderão também ter acesso ao texto.

Aproveitamos para explicar que na publicação do jornal impresso houve um corte no final do texto, o que foi corrigido, e agora você poderá ler na integra.

Um pai de família Condenado.

Percebendo a aproximação do dia em que para mim será o pior da minha vida confesso a vocês leitores que não me sinto bem.

Desde que recebi aquela intimação a minha vida mudou, talvez todos estes dias em que não chegam sequer uma ameaça, nem de espaçamento nem de morte, estejam sendo piores do que naquele período em que ao abrir a página de configuração do Blog ou o meu e-mail, me deparava com mensagens terríveis.

Os dias depois da intimação são piores, bem piores. Para um homem que foi criado com princípios éticos, saber que entrará numa sala como réu, para ser julgado por ter se posicionado contra uma lei municipal que colocaria em risco a vida de centenas de barroquenses, por ter sido contra uma lei que foi aprovada por unanimidade na Câmara Municipal e que se sobrepõe a uma lei federal, saber que serei julgado pela primeira vez na minha vida não é fácil suportar.

Não temo por ser condenado, processado ou mesmo por ter que pagar R$20.400,00 a um vereador, não temo ficar cara a cara com ele, só lamento e me entristeço por ver meu filho perguntar quase que todos os dias antes de ir para a escola porque o homem não gosta de mim.

Algumas vezes eu até tento explicar para ele que tem pessoas que se acham superiores aos outros, e que nós como cidadãos não devemos baixar a cabeça diante delas. Mas talvez eu esteja querendo explicar algo que uma criança de 6 anos ainda não possa entender.

As vezes as pessoas me falam na rua que , um certo vereador anda dizendo que gostaria mesmo era de dar-me uma surra, outros dizem que ele fala que gostaria de me ver varrendo rua, como se esta fosse uma atividade sem valor, e ao me colocar para limpar a sujeira como os garis fazem estaria me condenando.

Talvez ele não saiba, mas, eu já fui condenado, estou pagando por ter sido a favor da vida. Desde aquele dia já não vivo tão bem com a minha família, desde daquele dia já não saio com meus amigos, desde aquele dia tenho ficado mais em casa e abandonado minha vida social.

Não pedi ajuda a ninguém, nem envolvi pessoas nesta questão como muitos pensaram que faria, responderei por meus atos sozinho. Preferi agir assim para que outras pessoas não passem pelo que tenho passado.

Sabe o que me conforta, é saber que talvez meus filhos um dia vão entender e terão orgulho de mim pelo quê com coragem fiz, talvez só até maio, mas já é o bastante para que eles me admirem e me respeitem, algo que muitos pais não conseguem ter dos filhos.

Por Rubenilson Nogueira

A Direção