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terça-feira, 27 de abril de 2010

O Trabalho no Sisal.


O motor de sisal. Durante muitos anos a nossa economia girou em torno dessa atividade. Quando os motores paravam até o comércio local sofria. Poucas pessoas viam para a feira aos sábados.
Visitamos no feriado do dia 21 de abril, um campo de sisal na divisa entre Barrocas e Conceição do Coité, onde trabalhadores barroquenses estavam entre as diversas atividades garantindo o pão de cada dia. O trabalho é cansativo, o risco de acidente é constante mais as pessoas que lá encontramos tinham apesar de tudo um sorriso no rosto um brilho no olhar, e passavam uma força de vontade que talvez explique a persistência que os mantém apesar das dificuldades numa das atividades que foi por longos anos a principal renda do barroquense. Hoje conforme constatamos a situação é lamentável, os preços quando se consegue vender não é justo e muitas famílias que vivem desta atividade podem perder sua única fonte de renda.
Zé Inácio ao lado do senhor
Saturnino, nos impressionou a
rapidez com que ele trabalha.
Nessa visita tivemos a companhia do vereador José Inácio, que não por acaso já trabalhou no Motor, e muito nos contou sobre a atividade. Segundo Zé Inácio o trabalho no sisal é dividido entre o Cortador de Palha, Botador, Resideiro, Batedor (cevador) e Dono do Motor. O cortador prepara o campo, cortando os espinho e em seguida a palha, o Botador coloca a palha no jegue, o Resideiro retira o resido que se junta abaixo do motor, o Batedor ou Cevador é quem coloca a folha do sisal no motor e retira dela a fibra, um trabalho de risco onde muitos já foram mutilados. Segundo Ana Vilma recém formada em História pela UNEB, que apresentou na Câmara Municipal sua monografia sobre o sisal, são cerca de 2.000 mutilados em toda região. O dono do motor já desfrutou de grande influência nos velhos tempos, hoje para que consiga algum lucro muitas vezes precisa desempenhar também algumas das funções descritas, ser apenas dono não lhe garante uma boa renda.

As diversas atividades, o Cortador, o Botador, (estocagem da palha) e o Batedor ou Cevador.
Os salários pagos são muito baixo só para se ter uma noção, se conseguir mil quilos semanais o trabalhador com melhor renda entre todos não recebe mais que R$50,00 (cinqüenta reais) na semana. O dono do motor além de pagar os trabalhadores, o óleo, dar manutenção ao motor, alimentar e cuidar dos animais tem que repassar 40% do produto colhido para o dono da roça. O comprador fica com cerca de R$0,25 centavos, (podendo variar entre 0,25 a 0,32 centavos) dos R$1,05 que é o valor atual do quilo da fibra no mercado.
Pesagem do sisal.
A situação só tem piorado nos últimos tempos, os governos não garante nem preço nem a compra do produto e todos os envolvidos com o sisal vivem de especulação, sem saber o que será do futuro.
Por Rubenilson Nogueira

Um pouco sobre a chegada do sisal a Barrocas.

Foi João Olegário quem fomentou o plantio de sisal na região de Barrocas, trazendo mudas da planta de Santa Luz em vagões da estrada de ferro para serem doadas ao povo com o objetivo de incrementar esta nova cultura na região; ele foi o pioneiro no desfibramento do sisal com um motor movido a óleo diesel. Com a escassez do sisal nos arredores, ele trabalhou em outros campos de sisal como Feira de Santana, Santa Luz e Maracás.
(Escrito por Tiago de Assis Batista)

Veja outro texto sobre o sisal aqui.
Assista o vídeo aqui.

2 comentários:

  1. Parabéns pela atualização constanto do blog. Muito boa essa reportagem sobre o sisal, Quantas saudades de minha infancia/adolescencia quando em férias visitava meus dinhos (Sinfronio e Mariquinha) na fazenda Pirajá. Muitas vezes pegava carona na cangalha do jegue que transportava o sisal cortado e voltava para outra cargas. Tempos bons!!!!
    Mara

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  2. Tiago de Assis Batista30 de abril de 2010 às 10:44

    São essas matérias e outras que tornam o jornal interessanre e, por isso, visitado e lido. Barrocas teve sua origem com a estrada de ferro e a ela ficou ligada por muito tempo. Com a chegada do sisal, Barrocas ficou ligada a ele. Muito vem contribuindo na economia local.
    Também minha vida tem muito a ver com Barrocas, trem e sisal. Lembro-me que meu avô Pedro Pimentel de Oliveira (Pedro da Fortuna), já plantava sisal nos pés de cercas velhas para reforçá-las. Mas o plantio comercial do sisal começou quado meu tio Agostinho Pimentel chegou à Fazenda Fortuna, portando uma carga de mudinhas de sisal, levadas de Barrocas, adquiridas de João Olegário.
    O sisal começou a ser comercializado e meu avô ganhou dinheiro, vendendo a palha do sisal das cercas.
    Eu, menino, ajudei a tirar o espinho da palha do sisal e a carregar para o pé do farracho nos jegues.
    Também pequei no cambito e desfibrei o sisal, ganhando meu dinheirinho. Ganhei dinheiro também alugando minha jega para carregar fibra de sisal da Fazenda Fortuna para Barrocas.
    Parabéns Rubenilson, pela feliz ideia de publicar essa matéria. Faz-me retornar à ninha infância e adolescência. Adorei as fotos. Originais como nos velhos tempos.
    Tiago (tiagodeassisbatista@terra.com.br).

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